tempo só


E como eu quisesse viver com todos os semelhantes.
E como eu amasse o amor de todos os seres.
E como eu quisesse aquela que nunca me quis!
Eu fui simples, mais do que simples, eu fui o forte, criei, procriei, juntei galinhos encantados de feixes.
Lavei o rosto e busquei a alvura.
Tornei-me só na vaga lua.
Busquei ternura, busquei afeto.
Mas dentre todas as coisas preciosas eu fui um mero feto.
Gente quis ser, nem se quer sei dizer se fui humano.
Cuspi o que não comi,
Comi o que cuspi
E quantas vezes recomecei o meu jantar sem convidados,
O meu jantar solitário,
O meu jantar que eu não pude ter a luz de velas.
A minha vida foi o noturno que o negro iluminou.
A minha vida foi o meu eu que se extinguiu.
Que se apagou.
E como eu quisesse viver bem com todos os semelhantes
Sozinho no meu tempo ficou.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Falei

um presente

O escravo do destino