é no silencio que falo


Silencio, silencio, eu quero falar.
Dizer que ainda estou vivo, palpitante, palpitando.
Silencio, silencio, ainda tenho nome.
Ainda quero falar, escutem-me!

O meu poema foi embora, que pena! Onde encontrá-lo? Preciso germinar!
Abrir-me, sou bicho do mato, quero, quero, quero ver a flor desabrochar!
Quero não ter medo de mim, olhar-me de frente, plano e verde.
Oi gente, que saudade de vocês, tenho tantas coisas bonitas para lhes contar.


Contar-lhes que sou pobre,
Que tenho hipersensibilidade (ora que grande vantagem)
Que tenho medo do escuro (que absurdo)
Que já tive medo dos fantasmas (também pudera)

Hoje eu tenho medo é dos assaltantes.
Ah, Europa dos meus sonhos dissolvidos
Enfraqueci os meus pulmões, gritei, gritei, gritei muito
Pulmão fraco, eis a questão
E, no entanto, havia tanta euforia em mim!
Tanta vontade de viver!
Masoquista eu sou, mas não quero morrer.
Digam-me, digam-me, por favor, para onde foi minha vida?
Ainda não aprendi a morrer.
Tenho que confessar, amo-te pequenino
E tenho ainda tantas coisas para contar.
Mas não conto nada! Nada, nada.
Sou mudo, sou chato.
Sou silêncio lindo.
Por isso faço poemas!
Porque é no silencio que digo tudo,
Sem precisar dizer nada!

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